Um Defeito de Cor
Um Defeito de Cor por Ana Marie Gonçalves
Lançamento: 2006
Gênero: Romance
Personagem principal: Kehinde (Luísa)
Este livro foi escrito em forma de biografia e trata de cerca de oito décadas da vida de Kehinde. Tudo começa quando ela era uma menina em Savalu, na África. Kehinde e a família foram capturadas e tornaram-se pessoas escravizadas. A mãe e o irmão dela foram mortos antes da viagem ao Brasil. Durante a viagem, a avó dela e a irmã gêmea morreram. Quando o navio negreiro chegou ao Brasil, Kehinde era a única sobrevivente de sua família.
O livro explica muito bem o processo de Kehinde e, por extensão, de escravos africanos, sendo forçados a mudar seus nomes, a falar uma língua e adotar uma cultura que não lhes é familiar. A história conta detalhes vívidos de violência, estupros e revoltas. Também aprendemos sobre o sistema cruel e brutal da escravidão.
Kehinde foi estuprada pelo patrão dela e teve um filho. Logo depois, ela se tornou uma escrava doméstica e vendeu biscoitos e bolos à medida que gradualmente se tornava capaz de comprar sua liberdade.
Pouco depois de comprar sua liberdade, ela conheceu Alberto e se casou com ele, um comerciante português. Kehinde se mostrou uma boa empresária. Ela e o marido formaram uma padaria. Juntos, eles tiveram um filho. Duas enormes cadeias de eventos aconteceram que mudaram a vida dela. Primeiro, a trágica morte de seu primeiro filho e segundo, o marido dela, que agora sempre estava bêbado, vendeu o filho como escravo. O livro se torna uma carta que uma mãe está escrevendo para o filho que perdeu e que espera ver novamente.
Isso torna este livro uma leitura verdadeiramente especial, envolvente e emocionante. A sensação de culpa, dor e vergonha que a mãe sente porque, em sua mente, falhou como mãe está estampada em todo o livro. Apesar de Kehinde ter se saído bem e conquistado muito por ser uma mulher negra da época, ela nunca parou de procurar o filho que perdeu.
Ela viajou por todo o Brasil seguindo pistas e registros de onde o filho poderia ter sido vendido. Eventualmente, ela voltou para a África, onde conheceu um novo homem, John, com quem teve gêmeos, João e Maria Clare, e construiu um negócio de sucesso que incluía comércio, construção de casas e, infelizmente, armas que ajudavam os traficantes de escravos. Ela também participou do tráfico de escravos. Kehinde é uma personagem muito forte e complexa, que não é necessariamente uma heroína.
Ao recordar sua vida e seus sucessos, seus gêmeos cresceram e se casaram. Ela até teve uma neta (Luizinha) e nunca parou de procurar o filho que perdeu. É um vazio que ela nunca poderá preencher. O final do livro é a conclusão de um ciclo. Ela começou a jornada para voltar ao Brasil e encontrar o filho dela.
Este foi o melhor livro que já li. Me afetou de muitas maneiras. Posso me identificar com ela como um imigrante mesmo, como um aprendiz de idiomas e como uma pessoa negra. Também adorei como a autora revela a diversidade dentro da comunidade negra no Brasil naquela época. A mistura de africanos, afro-brasileiros, as diferentes religiões e os costumes africanos. Além disso, a presença da comunidade muçulmana, a diversidade da comunidade africana também na África, a mistura de imigrantes do Brasil e de outros países durante aquela época.
Para mim, a melhor parte do livro é a forte personagem principal, Kehinde, que agora ficou conhecida como Luisa, uma mulher determinada, que com esforço se tornou uma mulher muito culta, que aprendeu a falar vários idiomas e era uma empresária. Ela não era necessariamente uma heroína, mas uma mulher que era um reflexo de seu tempo.
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