Um Sopro de Vida: Escrito por Clarice Lispector
Um Sopro de Vida: Escrito por Clarice Lispector
Lançamento:1978
Gênero: Romance
Personagens principais:
“Autor”, um personagem anônimo.
Ângela Pralini, uma personagem criada pelo Autor.
Este foi o último livro escrito por Clarice Lispector. Foi
lançado postumamente em 1978, um ano após a morte dela. O livro foi escrito
entre 1974 e 1977.
Quando Clarice morreu, sua melhor amiga, Olga Borelli, juntou as páginas de
anotações e o esqueleto do livro que Clarice começou a escrever em 1974.
Neste livro, Clarice nos leva ao processo de criação de um
livro. Esse processo inclui todas as lutas, angústias, bloqueios para
escrita, as inseguranças e os altos e baixos que um artista passa pelo seu
trabalho.
O livro apresenta um personagem anônimo conhecido apenas como “Autor”.
Esse personagem, Autor, por sua vez, cria outra personagem, Ângela
Pralini. O livro é um diálogo entre essas duas pessoas. Clarice usa
esses dois personagens para servir como o alter ego dela, ou seja; uma extensão
de seu verdadeiro eu. É uma leitura hipnotizante, ao mesmo tempo
psicológica e existencial.
No início, o Autor se esforça para escrever este livro, esforça-se para
encontrar as palavras, a própria voz dele para essa história.
“Eu queria escrever um livro. Mas onde estão as palavras?”
“Eu tenho medo de escrever, é tão perigoso.” “Eu tenho medo de ser
eu, são tão perigoso.”
Devagar, no entanto, o Autor abraça o desafio e a natureza do que
faz, “cada novo livro é uma viagem.”
O Autor cria esse personagem porque essa é a natureza dele, criar
histórias e personagens. É uma necessidade, quase tão importante quanto
respirar. “Eu inventei Ângela porque preciso me inventar.”
Clarice cria um personagem que ... cria uma personagem . O Autor
fala inicialmente, observando as diferenças entre ele e a nova criação dele.
Autor: “Eu sou geométrico. Ângela é espiral de finesse.”,
“Eu sou lógico, ela é intuitiva.”
Gradualmente, Ângela encontra sua própria voz e então se torna uma
conversa completa entre duas pessoas. É como se Clarice nos apresentasse
a essas duas pessoas e depois saísse da sala para deixá-las conversar.
Ângela se torna cada vez mais dominante na conversa. Autor: “Estou
cheio de personagens na cabeça, mas só Ângela ocupa o meu espaço mental.”
À medida que o Autor vai rumo ao desconhecido, Ângela se levanta e
começa a flexionar os músculos, por assim dizer. É como assistir alguém
criar um personagem que ganha vida. A personagem é a
história e o criador passa para o fundo.
Adorei este livro porque é como entrar na oficina de um
escritor. O Autor passou por dificuldades para criar essa personagem. O
que temos aqui é alguém nu e vulnerável, despojado de todas as camadas, mas obcecado pelo processo de criação, é tudo o que ele sabe fazer,
enquanto a Ângela é o oposto, uma pessoa forte e confiante. Eu vi essa
vulnerabilidade nua e crua em muitos dos outros livros de Clarice. Eu amo
a novidade como
essa história em particular é contada. Há uma certa poesia nisso.
Como este livro foi lançado depois que ela morreu, é como se Clarice tivesse
voltado à vida para contar essa história... e trouxe alguns amigos com
ela também.
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